Segunda, 15 Novembro 2010 12:26

FARC apostam na influência de Dilma Rousseff

Bogotá, 13 nov - A guerrilha colombiana destacou, nesta sexta-feira, dia 12, num comunicado o "papel decisivo para a paz regional" e a "fraternidade dos povos do continente" a ser desempenhado pela presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff.

No texto – divulgado pela agência de notícias Nova Colômbia, próxima dos guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) – destaca-se ainda, o trabalho de Dilma Rousseff em prol da Justiça.

Datado de 1º de novembro e assinado pelo estado-maior das FARC, o comunicado começa por saudar Dilma Rousseff: "Presidente Dilma, aceite o nosso aplauso e reconhecimento!"

Dilma Rousseff venceu o segundo turno das presidenciais no Brasil, com 56% da preferência do eleitorado e se tornará, a partir de 1º de janeiro de 2011, a primeira mulher a ocupar o cargo de chefe de Estado no Brasil.

No texto, as FARC sublinham a "convicção pública" de Rousseff sobre a "necessidade de uma saída política para o conflito interno da Colômbia". "Estamos certos de que a nova presidente do Brasil desempenhará um papel decisivo e determinante na consolidação da paz regional e na fraternidade entre os povos do continente" – conclui o texto.

Durante a campanha eleitoral, Dilma Rousseff garantiu que, em caso de vitória, o Brasil aceitaria atuar como mediador numa eventual negociação de paz com as FARC, apenas se o governo colombiano o solicitar.

Fonte: Rádio Vaticana

Segunda, 15 Novembro 2010 12:21

O Homem no centro da economia

Cidade do Vaticano, 13 nov – Nesta semana os líderes das 20 maiores economias do mundo, incluindo o Brasil, estiveram reunidos em Seul, capital da Coreia do Sul, para tratar da crise que atinge a economia do mundo inteiro e procurar desenvolver indicadores que possam medir os desequilíbrios econômicos palpáveis hoje na econômica global; mas adiaram até 2011 o controverso trabalho de definição dos problemas que eles prometeram resolver. Na conclusão da cúpula, que durou dois dias, os líderes mundiais afirmaram que vão criar uma série de indicadores que servirão como um mecanismo para facilitar a identificação rápida de grandes desequilíbrios que exigem que ações preventivas e corretivas sejam tomadas.

Questões como a dos desequilíbrios externos dominaram a reunião dos líderes, que tentam evitar o que tem sido chamado de “guerra cambial”, na qual os países buscam vantagens competitivas por meio do enfraquecimento de suas moedas; em síntese desvalorizando a sua moeda para ter mais competitividade no mercado internacional.

Entretanto, o G-20 deu sinal verde para a adoção de controles de capital por países emergentes que estejam sentindo o peso da excessiva valorização cambial, caso do Brasil. No texto final destaca-se que economias emergentes com reservas adequadas e taxas de câmbio sobrevalorizadas poderão adotar medidas cuidadosas.

A determinação do G-20 é particularmente importante para o Brasil que, recentemente adotou uma série de ações para conter o forte fluxo de recursos estrangeiros e a valorização do real. O governo brasileiro aponta a estratégia acomodativa dos Estados Unidos como uma das responsáveis pela entrada de dólares. Por isso é preciso que as moedas, principalmente dos países emergentes tenham o seu justo valor no mercado internacional para permitir uma maior competição dos produtos de exportação.

No início dos trabalhos os líderes mundiais receberam do Papa Bento XVI uma mensagem na qual o Santo Padre evidenciou a necessidade de se adotar “instrumentos adequados para superar a crise, com acordos comuns que não privilegiem alguns países em detrimento de outros”, ou seja que as soluções atinjam todos os estados necessitados de desenvolvimento, e não só uma parcela que regularmente possui a maior parte da torta. Certamente a cúpula de Seul teve um alcance global, por isso a prioridade de se considerar as consequências das medidas adotadas para superar a crise, com soluções duradouras, sustentáveis e justas.

Na sua mensagem o Papa toca o eixo central da economia mundial, ou seja, a consciência de que os instrumentos adotados, funcionarão somente se estiverem destinados à realização do progresso autêntico e integral do homem. Tais instrumentos para serem eficazes deverão ser aplicados em sinergia e, sobretudo, respeitando a natureza do homem. Mas para que isso se verifique é necessária a cooperação de toda a comunidade internacional.

O tempo está passando e o momento é decisivo para o futuro da humanidade. É preciso mostrar ao mundo e à história – recordou o Papa – que hoje, também graças à crise, o ser humano amadureceu ao ponto de ser capaz de reconhecer que civilizações e culturas, como os seus sistemas econômico, social e político, podem e devem convergir numa visão partilhada da dignidade humana.

Fonte: Radio Vaticana

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 11 de novembro de 2010 - A exortação apostólica pós-sinodal Verbum Domini, divulgada hoje, "retoma a mesma mensagem 45 anos depois" da constituição Dei Verbum, do Concílio Vaticano II.

Assim afirmou o prefeito da Congregação para os Bispos, cardeal Marc Ouellet PSS, durante a apresentação do documento pontifício, realizada hoje na Sala de Imprensa da Santa Sé.

Na coletiva de imprensa, intervieram também: Dom Nikola Eterovic, secretário-geral do Sínodo dos Bispos; seu subsecretário, Dom Fortunato Frezza; e Dom Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura.

Verbum Domini, escrita por Bento XVI, é fruto da 12ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus, realizada de 5 a 26 de outubro de 2008.

Reflexão sobre a Bíblia

O cardeal Ouellet afirmou que a Verbum Domini responde às necessidades da Igreja neste nascente terceiro milênio.

Disse também que, ainda que no século 20 tenha havido um renascer de consciência da necessidade da Palavra de Deus em temas como a reforma litúrgica, a catequese e os estudos bíblicos, "existe um déficit que deve ser suprido em relação à vida espiritual do povo de Deus".

"Este tem o direito de ser mais inspirado e nutrido por uma aproximação mais orante e mais eclesial das Sagradas Escrituras", declarou o purpurado.

Em vários pontos da exortação apostólica, Bento XVI insiste em que o cristianismo "não é fruto de uma sabedoria humana ou de uma ideia genial", destacou o cardeal Oullet, e sim "de um encontro e de uma aliança com uma Pessoa que dá à existência humana sua orientação e forma decisivas".

Verbum Domini "oferece, assim, a contemplação pessoal e eclesial da Palavra de Deus nas Sagradas Escrituras, na Divina Liturgia e na vida pessoal e comunitária dos fiéis", disse o prefeito.

Interpretação das Escrituras

O purpurado se referiu também às quase 40 páginas nas quais Bento XVI destaca a necessidade de apresentar uma hermenêutica de forma "clara, construtiva, situando a ciência bíblica, exegética e teológica no interior e ao serviço da fé da Igreja".

Faz-se necessária uma interpretação das Sagradas Escrituras que deve ser complementada com uma leitura teológica e científica e que, além disso, exige "o valor da exegese patrística" e que convida "os exegetas, teólogos e pastores a um diálogo construtivo para a vida e para a missão da Igreja".

Igualmente, concluiu o purpurado, a meditação da Bíblia "expõe também a atividade missionária e a evangelização" e por isso "renova a consciência da Igreja de ser amada e sua missão de anunciar a Palavra de Deus com audácia e com confiança na força do Espírito Santo".

(Carmen Elena Villa)

FONTE: Zenit

Para Ler a Exortação Apostólica VERBUM DOMINI, clique AQUI.

Quinta, 11 Novembro 2010 18:02

A Vida contra a Morte

A VIDA CONTRA A MORTE 

D._Luis_Gonzaga_Bergonzini

Caríssimos Irmãos em Cristo,

Muitas pessoas não entenderam o Movimento em Defesa da vida que fizemos e continuaremos fazendo.

A época das eleições é propícia para debater os problemas nacionais. A preservação da vida é um problema nacional.

Existe um projeto de liberação do aborto no Brasil, que vem sendo defendido, há muito tempo, por partidos e políticos engajados nesse objetivo. Matar seres humanos indefesos, no útero de suas mães, antes deles chegarem à luz, é problema nacional e assassinato.

Os leigos católicos, os religiosos, os padres, os evangélicos, todas as religiões têm o direito de defender sua Doutrina e sua Moral.

Muita gente confundiu a ação pastoral com política. Defender a vida, contra a cultura da morte, não é política. Tem reflexos na política, mas é uma ação pastoral. O Papa Bento XVI não confundiu. Tanto que aprovou a campanha contra o aborto.A Igreja Católica estava usando o seu direito de defender o Evangelho e a Moral Cristã, e continuará a fazê-lo.

O Papa Bento XVI vem alertando o Mundo sobre o relativismo. No caso das eleições, se uma pessoa é cristã e obedece os Mandamentos da Lei de Deus, ela não pode apoiar candidatos com projetos de liberação do aborto. O cristão não pode relativizar e aprovar atitudes e ações que são contra a sua fé e a Doutrina Cristã.

A candidata Dilma Rousseff e sua Coligação me acusaram, no Tribunal Superior Eleitoral, de Brasília, de ter falsificado o documento da CNBB-Regional SUL-1. Imagine um Bispo falsificando um documento assinado por outros três Bispos. Eu e a Igreja Católica fomos vítimas da mentira e da violação dos direitos constitucionais. A defesa apresentada pelos advogados da Diocese de Guarulhos mostra como os direitos da Igreja Católica foram violados. O Ministério Público Eleitoral Federal também entendeu que os direitos da Igreja Católica foram violados.

A vida é o maior bem que temos. Deus nos deu a vida e só Ele pode nos tirá-la. Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. A vida humana pertence a Deus. O ser humano e suas leis terrenas não podem mudar isso.

Nenhuma lei, nenhum plebiscito, nenhum partido, nenhum grupo de pessoas pode decidir quem vai morrer e quem vai nascer. Os políticos cristãos deveriam formar uma frente parlamentar nacional para impedir os governos de adotarem medidas para facilitar ou incentivar o aborto.

A campanha em favor da vida, que se iniciou há muito tempo, vai continuar. O projeto de lei para liberação do aborto foi derrotado nas Comissões de Saúde e Seguridade Social e de Constituição e Justiça, da Câmara Federal.

Os defensores da vida pensaram que o assunto estava encerrado. Mesmo com essas decisões, um deputado do PT solicitou que o projeto seja apreciado pelo Plenário da Câmara Federal.

Depois disso, 21.12.2009, o Governo Federal editou o PNDH-3, e ressurgiu o projeto de liberação do aborto. E em 16.07.2010, numa reunião de países da América Latina, o Governo Federal assinou o “Consenso de Brasília”, que pretende estender a liberação do aborto para toda a América Latina. E, no dia 04 de outubro, um dia após a eleição do primeiro turno, o Governo Federal publicou convênio, no Diário Oficial da União, para prosseguir no caminho da liberação do aborto. Os católicos que votaram nesse projeto serão responsáveis, com os eleitos por eles que apoiam o aborto, pelas mortes das crianças indefesas que forem retiradas dos úteros de suas mães e atiradas no esgoto, como se fossem dejetos.

De minha parte, por amor ao Evangelho, pela fidelidade a Jesus Cristo, à sua Igreja e ao sucessor de Pedro, o Papa Bento XVI, manterei a luta pela vida dos indefesos, contra a cultura da morte que querem implantar no Brasil e na América Latina.

Exorto todos os cristãos a seguirem este mesmo caminho. Venham comigo lutar pela Vida!

As minhas bênçãos a todos diocesanos.

Guarulhos, 11 de novembro de 2010.

Dom Luiz Gonzaga Bergonzini
Bispo Diocesano de Guarulhos.

Terça, 09 Novembro 2010 13:01

Cristãos horrorizados com ataques em Bagdá

BAGDÁ, segunda-feira, 8 de novembro de 2010 – “Este último ataque terrorista fez aumentar o medo e contribuiu para destruir a esperança”. Foi o que disse Dom Jean Sleiman, arcebispo latino de Bagdá, ao comentar o massacre de 31 de outubro.

Em uma entrevista a AIS (Ajuda à Igreja que Sofre), o prelado reconheceu o terrível impacto que o ataque teve nos cristãos iraquianos.

“Os cristãos estão profundamente assustados. Mas tentam superar essa horrível experiência”, disse.

No domingo 31 de outubro, um grupo de nove terroristas do “Estado Islâmico do Iraque” protagonizou o massacre na igreja católica síria de Nossa Senhora do Socorro, em Bagdá, com um balanço final de 58 mortos, entre eles três sacerdotes e várias crianças.

Nos dias seguintes, uma série de atentados indiscriminados contra a população civil deixou 64 mortos e 200 feridos.

Proteção

Segundo informa hoje L'Osservatore Romano, uma delegação de bispos cristãos manteve nesse domingo um encontro com o primeiro ministro iraquiano, Nuri al-Maliki.

A delegação católica estava liderada pelo cardeal Emmanuel III Delly, patriarca de Babilônia dos Caldeus, e pelo arcebispo católico sírio de Bagdá, Athanase Matti Shaba Matoka.

Durante a reunião, o primeiro ministro pediu aos representantes cristãos que vigiem suas próprias igrejas em parceria com as forças de segurança nacionais.

Em declarações a Rádio Vaticano, Dom Shaba Matoka pediu ajuda urgente à Europa. “Pedimos que a Europa se ocupe dos cristãos no Oriente Médio. Nós queremos manter nossa presença no Iraque”.

Esse ataque “destruiu todas as nossas esperanças. Agora é muito difícil que as pessoas fiquem”, disse.

O arcebispo latino de Bagdá, Dom Sleiman, disse que os atentados evidenciam que os cristãos estão em uma situação muito perigosa.

Fonte: Zenit 

"Caridade na verdade", também no âmbito social.

CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 8 de novembro de 2010 (ZENIT.org) - Somente a partir da "caridade na verdade" a Igreja poderá iluminar as questões sociais, segundo afirma o Papa Bento XVI em sua Mensagem à Assembleia Plenária do Conselho Pontifício Justiça e Paz, que foi divulgada na última quinta-feira.

Na mensagem, o Pontífice analisa a afirmação que já fez em sua encíclica Caritas in Veritate,sobre a concepção da doutrina social da Igreja como caritas in veritate in re sociali.

Dirigindo-se ao cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, atual presidente do dicastério, afirma por que ambas - caridade e verdade - são elementos fundamentais da doutrina social da Igreja.

Graças a Jesus Cristo, explica, "pode-se caminhar na via do crescimento humano integral com o ardor da caridade e a sabedoria da verdade, em um mundo no qual frequentemente a mentira açoita o homem e a sociedade".

"É vivendo a ‘caridade na verdade' que poderemos oferecer um olhar mais profundo para compreender as grandes questões sociais e indicar algumas perspectivas essenciais para sua solução no sentido plenamente humano."

"Somente com a caridade sustentada pela esperança e iluminada pela luz da fé e da razão, é possível alcançar os objetivos de libertação integral do homem e de justiça universal", insiste o Papa.

"Caritas in veritate in re sociali: assim me pareceu oportuno descrever a doutrina social da Igreja, segundo seu enraizamento mais autêntico - Jesus Cristo, a vida trinitária que Ele nos dá - e segundo toda a força capaz de transfigurar a realidade", acrescenta.

O compromisso de construção da cidade terrena, segundo o Papa, "se apoia nas consciências guiadas pelo amor a Deus e, por isso, naturalmente orientadas ao objetivo de uma vida boa, estruturada sobre a primazia da transcendência".

"Temos necessidade desse ensinamento social, para ajudar nossas civilizações e nossa própria razão humana a captar toda a complexidade da realidade e da grandeza da dignidade de toda pessoa."

Bento XVI recorda ao dicastério que sua tarefa consiste "não só na elaboração de novas atualizações da doutrina social da Igreja, mas também da sua experimentação".

Esta deve seguir, afirma, "esse método de discernimento que indiquei na Caritas in veritate, segundo a qual, vivendo na comunhão com Jesus Cristo e entre nós, somos ‘encontrados', seja pela Verdade da salvação, seja pela verdade de um mundo que não foi criado por nós, mas que nos foi dado como casa para partilhar na fraternidade".

50 anos da Mater et Magistra

Esta concepção inovadora da doutrina social, na verdade, segue os passos do magistério dos papas anteriores e se situa na mesma linha que a encíclica Mater et Magistra, de João XXIII, cujo 50º aniversário será comemorado em breve.

A encíclica do "Papa Bom" já convidava a "considerar, com constante atenção, os desequilíbrios sociais, setoriais, nacionais, entre recursos e populações pobres, entre técnica e ética".

Meio século depois, no atual contexto de globalização, "estes desequilíbrios não desapareceram", adverte o Papa.

"Mudaram os sujeitos, as dimensões das problemáticas, mas a coordenação entre os Estados - em geral inadequada, porque está orientada à busca de um equilíbrio de poder, mais que à solidariedade - abre espaço para renovadas desigualdades."

Isso provoca o "perigo do predomínio de grupos econômicos e financeiros que ditam - e pretendem fazê-lo continuamente - a agenda da política, desprezando o bem comum universal", afirma.

Além disso, Mater et Magistra concedia um importante papel aos leigos, nas questões relacionadas à doutrina social.

Esta encíclica, recorda o Papa, "propunha uma verdadeira e própria mobilização, segundo a caridade e a verdade, por parte de todas as associações, movimentos, organizações católicas e de inspiração cristã, para que todos os fiéis, com compromisso, liberdade e responsabilidade, estudassem, difundissem e levassem a cabo a doutrina social da Igreja".

Não só leigos

Caritas in veritate, em linha com esta intuição, afirma, no entanto, também, a importância de que estes leigos encontrem ao seu lado "sacerdotes e bispos capazes de oferecer uma incansável obra de purificação das consciências".

Outra das necessidades dos leigos é encontrar em seus pastores "um apoio indispensável e ajuda espiritual para o testemunho coerente no âmbito social".

Por isso, afirma o Papa, "é de fundamental importância uma compreensão profunda da doutrina social da Igreja, em harmonia com todo o seu patrimônio teológico e fortemente arraigada na afirmação da dignidade transcendente do homem, na defesa da vida humana desde sua concepção até sua morte natural, e da liberdade religiosa".

"É necessário preparar fiéis leigos capazes de dedicar-se ao bem comum, especialmente nos âmbitos mais complexos, como o mundo da política", afirma.

Mas é urgente ter presente também que, sem sair do seu papel, "saibam contribuir para o incentivo e a irradiação, na sociedade e nas instituições, de uma vida boa segundo o Evangelho, no respeito pela liberdade responsável dos fiéis".

"A doutrina social da Igreja representa, assim, a referência essencial para o projeto e a ação social dos fiéis leigos, além de para uma espiritualidade viva, que se nutra e se enquadre na comunhão eclesial: comunhão de amor e de verdade, comunhão na missão", conclui.

"É necessário que Deus volte a ressoar alegremente sob o céu da Europa". 

SANTIAGO DE COMPOSTELA, domingo, 7 de novembro de 2010 (ZENIT.org) - "A Europa deve abrir-se a Deus, ir ao seu encontro sem medo": esta é a grande mensagem lançada pelo Papa Bento XVI na viagem a Santiago de Compostela, evocando novamente o "Europa, seja você mesma", de João Paulo II, neste mesmo lugar, há 18 anos.

Diante das 7 mil pessoas que puderam estar na Plaza del Obradoiro e das milhares que puderam acompanhar a celebração através dos telões espalhados em vários pontos da cidade, o Papa quis recordar que Deus "não é o inimigo do homem".

"É uma tragédia que, na Europa, sobretudo no século XIX, se afirmasse e divulgasse a convicção de que Deus é o antagonista do homem e o inimigo da sua liberdade."

"Deus é a origem do nosso ser, alicerce e cume da nossa liberdade, não seu opoente - sublinhou o Papa. Como é possível que se tenha feito silêncio público sobre a realidade primeira e essencial da vida humana?"

"Os homens não podem viver na escuridão, sem ver a luz do sol. E, então, como é possível que se negue a Deus, sol das inteligências, força das vontades e ímã dos nossos corações, o direito de propor essa luz que dissipa todas as trevas?", perguntou-se o Papa.

Frente a um paganismo que propugna uma visão de um Deus invejoso e contrário ao homem, afirmou, "é necessário que Deus volte a ressoar alegremente sob o céu da Europa".

É necessário também que o nome de Deus, "essa palavra santa, não seja jamais pronunciada em vão; que não se perverta, fazendo-a servir a fins que lhe são impróprios".

"É preciso que seja proferida santamente. É necessário que a percebamos assim na vida de cada dia, no silêncio do trabalho, no amor fraterno e nas dificuldades que os anos trazem consigo."

Nova evangelização

Por isso, o Papa sublinhou que "a contribuição específica e fundamental da Igreja para essa Europa, que percorreu no último meio século um caminho rumo a novas configurações e projetos", é "que Deus existe e que é Ele quem nos deu a vida".

"Somente Ele é absoluto, amor fiel e indeclinável, meta infinita que se transluz detrás de todos os bens, verdades e belezas admiráveis deste mundo; admiráveis, mas insuficientes para o coração do homem."

A Europa, acrescentou o Papa, "deve abrir-se a Deus, ir ao seu encontro sem medo, trabalhar com sua graça por aquela dignidade do homem que haviam descoberto as melhores tradições: além da bíblica, fundamental nesta ordem, também as de época clássica, medieval e moderna, das quais nasceram as grandes criações filosóficas e literárias, culturais e sociais da Europa".

A cruz dos caminhos de Santiago, afirmou, "supremo sinal do amor levado até o extremo, e por isso dom e perdão ao mesmo tempo, deve ser nossa estrela orientadora na noite do tempo".

"Não deixeis de aprender as lições desse Cristo das encruzilhadas dos caminhos e da vida, nas quais Deus vem ao nosso encontro como amigo, pai e guia."

"Ó cruz bendita, brilhai sempre nas terras da Europa!", exclamou Bento XVI.

A seguir, o Papa quis advertir a Europa sobre o perigo de viver de costas para Deus.

"Permiti que eu proclame daqui a glória do homem; que advirta sobre as ameaças à sua dignidade pela espoliação dos seus valores e riquezas originais, pela marginalização ou a morte infligidas aos mais fracos e pobres - afirmou. Não se pode dar culto a Deus sem velar pelo homem, seu filho, e não se serve o homem sem perguntar-se quem é seu Pai e responder à pergunta por ele."

"A Europa da ciência e das tecnologias, a Europa da civilização e da cultura, tem que ser, ao mesmo tempo, a Europa aberta à transcendência e à fraternidade com outros continentes, ao Deus vivo e verdadeiro, a partir do homem vivo e verdadeiro."

"Isso é o que a Igreja deseja oferecer à Europa: velar por Deus e velar pelo homem, a partir da compreensão que de ambos nos é oferecida em Jesus Cristo", disse o Papa.

Por isso, convidou os cristãos a "seguir o exemplo dos apóstolos, conhecendo o Senhor cada dia mais e dando um testemunho claro e valente do seu Evangelho".

"Não existe maior tesouro que possamos oferecer aos nossos contemporâneos", sublinhou Bento XVI aos presentes.

Espírito de serviço

Para os discípulos que querem seguir e imitar Cristo, afirmou, "servir os irmãos já não é uma mera opção, mas parte essencial do seu ser".

O serviço que os cristãos estão chamados a dar "não se mede pelos critérios mundanos do imediato, do material e do vistoso, mas porque se faz presente o amor de Deus a todos os homens e em todas as suas dimensões, e dá testemunho d'Ele, inclusive com os gestos mais simples".

O Pontífice se dirigiu especialmente aos jovens, convidando-os a seguir este caminho, "para que, renunciando a um modo de pensar egoísta, de curto alcance, como tantas vezes vos propõem, e assumindo o de Jesus, possais realizar-vos plenamente e ser semente de esperança".

Também se dirigiu aos "chefes dos povos", recordando que, "onde não há entrega aos demais, surgem formas de prepotência e exploração que não dão espaço para uma autêntica promoção humana integral".

"Isso é o que nos recorda também a celebração deste Ano Santo Compostelano. E isso é o que, no segredo do coração, sabendo-o explicitamente ou sentindo-o sem saber expressá-lo com palavras, vivem tantos peregrinos que caminham a Santiago de Compostela para abraçar o Apóstolo."

(Inma Álvarez)

Terça, 09 Novembro 2010 12:51

Família, esperança da humanidade

A Igreja é a "família de Deus" 

BARCELONA, domingo, 7 de novembro de 2010 (ZENIT.org) - "Hoje, tive o enorme prazer de dedicar este templo a quem, sendo Filho do Altíssimo, despojou-se, fazendo-se Homem e, ao amparo de José e Maria, no silêncio do lar de Nazaré, ensinou-nos, sem palavras, a dignidade e o valor primordial do matrimônio e da família."

Da porta da Natividade da Basílica da Sagrada Família de Barcelona, diante de milhares de pessoas, o Papa Bento XVI quis introduzir a oração do Ângelus afirmando a importância da família, como já o havia feito alguns momentos antes, na homilia.

A família, segundo o Papa, é a "esperança da humanidade", pois nela "a vida encontra acolhida, desde o momento da sua concepção até seu declínio natural".

Jesus Cristo, acrescentou o Papa, "ensinou-nos também que toda a Igreja, escutando e cumprindo sua Palavra, converte-se em sua família. E mais ainda: confiou-nos a tarefa de ser sementes de fraternidade que, plantadas em todos os corações, incentivam a esperança".

Gaudí, grande devoto da Sagrada Família e "inspirado pelo ardor da sua fé cristã, conseguiu transformar este templo em um louvor a Deus esculpido em pedra. Um louvor a Deus que, como no nascimento de Cristo, teria como protagonistas as pessoas mais humildes e simples".

De fato, afirmou o Pontífice, "Gaudí, com sua obra, pretendia levar o Evangelho a todo o povo. Por isso, concebeu os três pórticos do exterior do templo como uma catequese sobre Jesus Cristo, como um grande rosário, que é a oração dos simples, no qual se podem contemplar os mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos do nosso Senhor".

Mas também o fez com sua vida, pois "planejou e financiou, com suas próprias economias, a criação de uma escola para os filhos dos pedreiros e para as crianças das famílias mais humildes do bairro, que era naquele então um subúrbio marginalizado de Barcelona".

"Ele torna realidade, assim, a convicção que exprimia com estas palavras: ‘Os pobres sempre devem encontrar acolhimento no templo, que é a caridade cristã'", sublinhou.

Posteriormente, em catalão, o Papa mostrou seu desejo de que "homens e mulheres de todos os continentes admirem a fachada da Natividade".

Fonte: Zenit 

Nas Eleições dos EUA

Por Pe. John Flynn, L.C.

No contexto das eleições norte-americanas, voltou a ter força o debate sobre as relações Igreja-Estado e as crenças religiosas dos candidatos.

Os especialistas especularam sobre o modo como a afiliação religiosa afetaria as eleições, especialmente diante de assuntos tão controversos como a reforma da saúde e as mudanças nas leis de imigração.

No início de outubro, os sete bispos católicos do Estado de Nova York publicaram uma declaração para ajudar as pessoas a avaliarem em que candidatos votar. Os católicos - afirmavam - devem julgar os temas políticos através da lente da fé e não se guiar apenas pelo próprio interesse ou lealdade a um partido.

Os bispos mencionavam alguns temas, como os relacionados à vida, à guerra, à educação. É raro - admitiam - encontrar um candidato que esteja de acordo com a Igreja em todas as matérias, mas nem todas têm o mesmo peso.

Após recomendar o documento de 2008 intitulado "Formar as Consciências dos Cidadãos Crentes", publicado pelos bispos dos EUA, os prelados de Nova York indicavam: "O direito inalienável a viver de toda pessoa humana inocente pesa mais que outras preocupações em que os católicos possam usar seu juízo prudente, tais como enfrentar melhor as necessidades dos pobres ou aumentar o acesso à saúde para todos".

Animavam os católicos a tomar tempo para estudar as posições dos candidatos e concluíam com uma lista de perguntas que as pessoas deveriam se fazer antes de decidir em quem votar.

A questão do impacto da fé na política é um tema a que Bento XVI se refere sempre. Em uma mensagem de 12 de outubro ao cardeal Angelo Bagnasco, presidente da Conferência Episcopal Italiana, o Papa afirmou que é necessário que a política e a sociedade se guiem pela consideração do bem comum. Os valores cristãos são úteis não só para determinar aquilo que abarca este bem comum, mas trazem uma contribuição indispensável, acrescentava.

No geração de políticos

Na mensagem enviada com motivo da Semana Católica Social Italiana, Bento XVI pedia uma nova geração de católicos que se apresentasse e se mostrasse na política. Esta participação deveria se basear em uma sólida formação intelectual e moral, que permitisse a formação de princípios éticos baseados em verdades fundamentais, de modo que as decisões não se baseassem no egoísmo, na avareza ou na ambição pessoal.

Em um momento em que os políticos costumam cair no desprezo ou no ridículo, o pontífice indica que "o comportamento sócio-político, com os recursos e atitudes espirituais que exige, continua sendo uma alta vocação, à qual a Igreja convida a responder com humildade e determinação".

Quanto ao papel da Igreja, o Papa afirma que ela "tem um legado de valores que não são coisas do passado, mas constituem uma realidade muito viva e atual, capaz de oferecer uma pauta criativa para o futuro de uma nação".

Esta mensagem era escrita pelo Papa após seu importante discurso sobre as relações Igreja-Estado durante sua recente visita à Inglaterra. Dirigindo-se aos políticos e líderes noWestminster Hall, em Londres, Bento XVI afirmou que a religião não é um problema a ser resolvido pelos legisladores, mas que ela tem uma contribuição vital a dar à política.

O Santo Padre assinalou que era inadequado basear o futuro de uma nação na consideração de curto prazo de mera natureza política e animou seus ouvintes a considerar a importância da dimensão ética na política.

Essa dimensão não tem de depender de uma fé particular, mas pode se basear na formulação da razão dos princípios morais objetivos. Não é que religião imponha suas crenças. Ela ajuda a guiar a razão para a descoberta dos princípios éticos. Portanto, a religião precisa da assistência da razão para se proteger de formas distorcidas como o sectarismo e o fundamentalismo.

A religião tem um papel legítimo na vida pública, indicou Bento XVI, e não deveria ser marginalizada.

Apenas alguns dias depois, Bento XVI expressou pontos de vista similares ao novo embaixador alemão. Em seu discurso de 13 de setembro, o Papa afirma que se se abandona a fé em um Deus pessoal, a diferença entre o bem e o mal se obscurece. Isso conduz a que as ações se dirijam por considerações de interesse pessoal e poder político.

Fundamentos da relação fé cristã e política

Os cristãos convictos dão testemunho à sociedade de que é legítima uma ordem de valores. Neste sentido, o cristianismo tem um papel fundamental, "ao colocar os fundamentos e formar as estruturas de nossa cultura", explica o Papa.

Ele lamenta a crescente tendência a eliminar os conceitos cristãos de casamento e família da consciência da sociedade. O Papa assinala que a Igreja não pode dar sua aprovação a iniciativas legislativas que aprovem modelos alternativos à vida matrimonial e familiar.

Fazendo referência ao campo da biotecnologia e da medicina, o Papa afirma que o que se necessita é uma cultura da pessoa fundada na lei natural que proteja e defenda contra as violações da dignidade humana.

Este sólido fundamento proporciona uma defesa contra a tendência ao relativismo, um perigo contra o qual o Papa advertiu em numerosas ocasiões. Ele volta a falar sobre isso no discurso de 8 de setembro aos membros da Mesa da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa.

É imprescindível - declarou - defender a validade universal do direito à liberdade religiosa. Se os valores, direitos e deveres não têm um fundamento objetivo racional, não podem oferecer um guia para as instituições internacionais.

A fé cristã é uma força positiva na busca de uma fundamentação para esses direitos na dignidade natural da pessoa, ajudando a razão a buscar uma base para esta dignidade, afirmou o Papa.

Contribuição da religião

Nessas últimas declarações sobre o papel da religião na política, o Papa fez referência a sua encíclica de 2009, Caritas in veritate. Neste documento, ele rechaça a afirmação de que a Igreja interfere na política: "tem uma missão ao serviço da verdade para cumprir, em todo o tempo e contingência, a favor de uma sociedade à medida do homem, da sua dignidade, da sua vocação" (n. 9).

Referindo-se ao desenvolvimento das nações, Bento XVI adverte quanto à promoção da indiferença religiosa ou do ateísmo, algo que cria obstáculos para o nosso verdadeiro desenvolvimento, porque torna impossível que os países se beneficiem de vitais recursos espirituais e humanos. Os países desenvolvidos economicamente exportam em ocasiões sua visão redutiva da pessoa humana para os países pobres.

Se a sociedade prescinde da contribuição da religião, pode cair no erro de prestar demasiada atenção às perguntas sobre "como", e não o suficiente para as muitas questões do "porquê" que estão na base da atividade humana, afirma o Papa.

"Quando prevalece a absolutização da técnica, verifica-se uma confusão entre fins e meios: como único critério de ação, o empresário considerará o máximo lucro da produção; o político, a consolidação do poder; o cientista, o resultado das suas descobertas (n. 71).

Para evitar isso, é necessário que o cristianismo tenha um lugar na vida pública e que se unam razão e fé, purificando-se uma à outra, diz o Papa no número 56 da encíclica. Se não há este diálogo, a humanidade paga um enorme preço. Algo digno de recordar da próxima vez que alguém disser que a religião deve ficar fora da política.

Fonte: Zenit

Na próxima quinta-feira, dia 11 de novembro, será apresentada na Santa Sé a exortação apostólica pós-sinodal de Bento XVI,Verbum Domini.

O documento pontifício recolhe as muitas reflexões e propostas surgidas durante o Sínodo dos Bispos sobre "A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja", realizado no Vaticano em outubro de 2008.

Nesta ocasião, intervirá o cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos, Dom Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, Dom Nikola Eterović, secretário-geral do Sínodo, e Dom Fortunato Frezza, subsecretário.
Fonte: Zenit 

Para recordar:

Homilia de encerramento do Sínodo da Palavra 

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