A União Mundial de Organizações Femininas Católicas comemora 100 anos

 

JERUSALÉM, segunda-feira, 11 de outubro de 2010 (ZENIT.org) - Bento XVI prestou homenagem ao testemunho das mulheres católicas, em uma mensagem enviada à União Mundial de Organizações Femininas Católicas (UMOFC), que neste ano realiza a assembleia do seu centenário, em Jerusalém.

O Papa se fez presente no encontro enviando uma carta, por meio do cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, dirigida à presidente da instituição, Karen Hurley, e aos seus membros.

Sua Santidade "agradece pelas numerosas bênçãos que se derramaram sobre a Igreja por meio do testemunho de fidelidade de mulheres católicas que vivem e trabalham no mundo, transformando-o em seu interior e proclamando o Evangelho com a palavra e com os atos".

O Santo Padre reconhece que, nestes 100 anos de história, "os membros da UMOFC contribuíram para a missão da Igreja no âmbito local, nacional e internacional, enriquecendo a Igreja com frutos de santidade feminina".

Bento XVI invoca "os dons do Espírito Santo sobre a UMOFC, para que continue promovendo a contribuição única das mulheres à vida e à missão da Igreja, tanto na esfera pública como no lar".

A assembleia do centenário da UMOFC começou no dia 5 e termina hoje, dia 11, no Instituto Pontifício Notre Dame de Jerusalém, com o tema "Vós sereis minhas testemunhas" (Atos 1, 8).

O objetivo da UMOFC é promover a presença, participação e corresponsabilidade das mulheres católicas na Igreja e na sociedade, para facilitar-lhes o cumprimento da sua missão de fé, para trabalhar pelo desenvolvimento humano e pela paz no mundo.

Esta união mundial está integrada por cerca de 100 organizações de mulheres católicas, que representam mais de 5 milhões de mulheres que trabalham em mais de 60 países e que foram reconhecidas por suas respectivas conferências episcopais.

O Conselho Pontifício para os Leigos erigiu a UMOFC como associação pública internacional de fiéis.

Fonte: Zenit

ROMA, segunda-feira, 11 de outubro de 2010 (ZENIT.org) - Se na ideologia da teoria do gênero é dito que cada um constrói e inventa suas normas, o que diz a Caritas in Veritate a respeito? Trata-se de um tema que monsenhor Anatrella discutiu em julho, numa palestra aos bispos do continente africano.

Tony Anatrella é psicanalista e especialista em psiquiatria social. Consultor do Conselho Pontifício para a Família e do Conselho Pontifício para a Pastoral no Campo da Saúde, é também membro da Comissão Internacional de Investigação sobre Medjugorje da Congregação para a Doutrina da Fé. Ele leciona em Paris, no IPC e no Collège des Bernardins.

ZENIT: Se na ideologia da teoria do gênero é dito que cada um constrói e inventa suas normas, o que a Caritas in Veritate diz a respeito?

Monsenhor Tony Anatrella: Estamos em plena ilusão narcisista de acreditar que o homem cria a si mesmo e é sua própria referência. É o pecado do espírito por excelência, o pecado original ainda em ação.

NaCaritas in Veritate, o Santo Padre questiona, segundo suas palavras, sobre a ideologia tecnocrática que cria sistemas de compreensão do homem e de organização da sociedade pouco realistas e contrários tanto às necessidades humanas como ao bem comum.

É por isso que o Papa, em sua encíclica, se resguarda contra "a utopia duma humanidade reconduzida ao estado originário da natureza", que é uma forma de "separar o progresso da sua apreciação moral e, consequentemente, da nossa responsabilidade" (n. 14). Por trás desta noção de "uma humanidade reconduzida ao estado originário" se revela o desejo de desconstruir as relações econômicas em nome da sociedade de mercado, mas também os conceitos de homem e mulher, casais, matrimônio, família e criação dos filhos. A verdade do homem se encontraria assim então na indiferenciação para serem iguais, na liberação de todos os modelos e de todas as representações, elaborados pelo processo da civilização, concebidos como super-estruturas que frustram os desejos primários e as exigências circunstanciais.

Neste sentido, o Papa disse, o homem já não se concebe como um dom oferecido a si mesmo com uma ontologia que lhe é própria, mas como um ser que se cria e se forma sozinho. Odesenvolvimento humano, longe de ser uma vocação que vem de um chamado transcendental, e que portanto tem um significado, frequentemente se apresenta por meio da ideia de que o homem deve dar sentido a si mesmo. Contudo, destaca Bento XVI, "é incapaz por si mesmo de atribuir-se o próprio significado último" (n. 16). Voltando à Populorum Progressio, diz: "não há, portanto, verdadeiro humanismo senão o aberto ao Absoluto, reconhecendo uma vocação que exprime a ideia exacta do que é a vida humana". Do contrário, o homem pensará somente olhando a si próprio, sem outro tipo de relação que não seu próprio narcisismo e vaidade, uma visão que caracteriza o espírito pagão das sociedades ocidentais, impregnadas de noções egoístas. Os construtores de ilusões, nas palavras de João Paulo II (n. 17), " fundam sempre as próprias propostas na negação da dimensão transcendente do desenvolvimento, seguros de o terem inteiramente à sua disposição. Esta falsa segurança converte-se em fraqueza, porque implica a sujeição do homem, reduzido à categoria de meio para o desenvolvimento, enquanto a humildade de quem acolhe uma vocação se transforma em verdadeira autonomia, porque torna a pessoa livre" (n. 17). Em outras palavras, se o sujeito humano desenvolve uma personalidade particular, no sentido psicológico do termo, já não é seu ser que serve de base para seu desenvolvimento pessoal e social. O homem se faz livre, independente e vigoroso quando reconhece a origem de seu ser. Nesta perspectiva, a fé cristã é uma liberação porque Cristo revela sua verdade no alfa e omega. Uma "verdade que liberta" (Jo 8, 36-38), e esta verdade permite se inscrever num desenvolvimento constante, que é outra coisa diferente que nos construirmos, disse Bento XVI.

Mas esta verdade está longe de ser aceita como um dom recebido. A verdade é considerada como um produto humano, quando é, no melhor dos casos, o resultado de uma descoberta ou uma recepção (n. 34). É assim que "o amor na verdade põe o homem na surpreendente experiência do dom" (n. 34). O homem cultiva uma má fé para não reconhecer este fato, e se retira até a autosuficiência, até uma verdade conveniente. Ele quer lutar contra o mal com suas próprias forças e em nome das leis democráticas que fabrica. Tenta ignorar o sentido do pecado e do mal que ferem o homem, acreditando erradicá-lo com leis civis que tantas vezes não fazem mais que fortalecê-lo. O homem moderno, diz o Papa, quer que coincida o bem-estar material e social com a saúde ou ainda a felicidade. Na tentativa de salvar a si próprio, não só se perde, mas ainda fica cada vez mais na depressão, por ser incapaz de encontrar a fonte de seu ser.

ZENIT: A ideologia do gênero teria tomado lugar de outras ideologias mortas?

Monsenhor Tony Anatrella: Temos de levar em conta que as organizações internacionais, as Nações Unidas, a Comissão Europeia e o Parlamento de Estrasburgo impõem esta nova ideologia na ignorância dos cidadãos. Temos dado muitas palestras sobre este tema na França e no exterior, e o público fica surpreendido ao constatar que estas ideias são filtradas insidiosamente nas leis civis, nos meios de comunicação, nas séries de televisão, no ensino médio e na Universidade. Os meios de comunicação franceses louvaram, de forma demagógica e sem sentido crítico, a criação de uma Cátedra sobre Gênero, em Ciências Políticas, em Paris, na primavera de 2010, quando esta ideologia contamina a educação e as representações sociais já há anos. Como sempre, a ideologia de "moda" de uma época não pode suportar a crítica, como nos anos 1950-1960 estava na moda nos círculos chamados intelectuais não criticar o marxismo, mas honrá-lo em todas as disciplinas. A maioria dos estudos universitários foi impregnada dele.

A ideologia do gênero agora passa por meio de leis que têm por objetivo criar a realidade social. Este é ocavalo de Troia e é demasiadamente tarde quando se descobre. Os africanos querem ser vigilantes sobre o tema, e sua visão me impressionou durante minha estada na África. Eles podem nos dar lições de realidade e de pensamento.

O ocidente deveria ser mais humilde e modesto em relação aos africanos, do contrário, corremos o risco de minar nossa credibilidade de vê-los estabelecer colaboração com outros países e outros horizontes culturais. As democracias, dado que estão nesta lógica de que estamos na era dos grupos de pressão e dos informes compostos ideologicamente de antemão, em muitos organismos internacionais e europeus, criam leis (tecnocráticas) em nome de simples ajustes técnicos, como o ministro da Justiça disse na França em 1999, de modo que abraçam inicialmente uma concepção da vida e alteram o sentido da realidade. Este é o sentido do que passou com a instituição do matrimônio. O marxismo queria inventar um novo homem, o nazismo, um homem puro, e a teoria de gênero, um homem liberado da diferença sexual: os homens e as mulheres são intercambiáveis em nome do falso valor da paridade sexual, e as orientações sexuais poderiam ser origem do casal e da família. Como não ver que o niilismo e o revisionismo das realidades mais importantes estão trabalhando?

(Anita S. Bourdin)

Fonte: Zenit

28º Domingo do Tempo Comum – 10.10.2010

UM SÍRIO E UM SAMARITANO SÃO CURADOS DA LEPRA
E RECEBEM O DOM DA FÉ (cf 2 Rs 5,14-17; Lc 17,11-19)

+ João Braz de Aviz
A
rcebispo Metropolitano de Brasília

O profeta Elizeu, em nome de Deus, cura Naamã, o sírio, chefe do exército do rei de Aram, homem que gozava de grande prestígio e consideração. Jesus cura os dez leprosos, homens isolados da convivência social e sem nenhuma esperança. Somente um deles, um samaritano, considerado estrangeiro pelos judeus, voltou a Jesus para agradecer.

Naamã, através de um processo interior demorado de conversão, abandonou sua arrogância e obedeceu ao conselho de seus servos. Junto com a cura ele recebeu o dom da fé no Senhor, abandonando os seus deuses. O instrumento para realizar esse caminho de mudança, teve seu início no sofrimento da doença, mas também no olhar atencioso de uma serva judia de sua casa, que procurou ajudá-lo. Dos dez leprosos curados por Jesus, nove, beneficiados por Ele, não o reconheceram, no sentido mais profundo. O samaritano sim, e, por isso, foi salvo por sua fé e seguiu Jesus. Para nove deles o benefício da cura não trouxe o dom da fé, pois faltou a colaboração dos que foram curados.

Para muitos, em nossos dias, a porta de entrada para uma experiência de fé é a cura milagrosa, obtida de Deus através de algum de seus instrumentos (pessoas com o dom de cura). Até aqui a obra é de Deus. A cura é manifestação de sua misericórdia. Os sinais de cura que Jesus realiza são sinais de seu amor, mas tem, sobretudo, a finalidade de conceder-nos o dom da fé. Parar na cura, sem nos tornarmos discípulos, é parar no meio da estrada. Nesse caso, recebemos o benefício, mas a luz não se acendeu em nossa vida, pois Cristo não se tornou o Mestre a quem seguimos.

O apóstolo Paulo, algemado e preso por causa de Cristo, afirma: “Por isso suporto qualquer coisa pelos eleitos, para que eles também alcancem a salvação, que está em Cristo Jesus, com a glória eterna” (2 Tim 2,10).

Naamã e o samaritano curados de sua doença grave, encontram o Senhor e o seguem. Curados ou não de nossas doenças, percorramos o caminho deles como discípulos, para ver-nos livres de nossa cegueira.

Segunda, 11 Outubro 2010 10:29

Ruptura matrimonial, nova causa da pobreza

O alto custo da desintegração familiar

 

Pe. John Flynn, LC

ROMA, domingo, 10 de outubro de 2010 (ZENIT.org) - O Departamento de Censo dos Estados Unidos divulgou, no dia 16 de setembro, os últimos números sobre renda e pobreza. Segundo o informe, o índice oficial de pobreza nos Estados Unidos, em 2009, era de 14,3%, acima dos 13,2% de 2008.

Em números concretos, isso elevou, em 2009, a 43,6 milhões de pessoas em estado de pobreza, em comparação com as 39,8 milhões de 2008.

A nota de imprensa observou que foi o terceiro aumento anual consecutivo.

O limiar oficial de pobreza para uma família de 4 membros, em 2009, era de 21,954 dólares. Algumas reportagens da imprensa sobre os dados indicaram que os números do Departamento de Censo só levam em consideração as entradas monetárias e o número dos considerados pobres seria de vários milhões a menos se não levassem em conta outros benefícios.

Não há dúvida de que um importante fator no aumento da pobreza foi a recessão econômica. No dia 20 de setembro, o National Bureau of Economic Research declarou que a recessão começou em dezembro de 2007 e terminou oficialmente em junho de 2009. Trata-se da recessão mais longa dos Estados Unidos desde o final da 2ª Guerra Mundial.

Outro documento, divulgado no mesmo dia que o informe do Departamento de Censo, destacou uma importante causa de pobreza que costuma ser esquecida: a ruptura matrimonial. "Marriage: America's Greatest Weapon Agaisnt Child Poverty" (Casamento: a melhor arma americana contra a pobreza infantil) foi escrito por Robert Rector e publicado pela Heritage Foundation.

"O casamento continua sendo a arma mais forte contra a pobreza na América do Norte; ainda assim, continua diminuindo", afirmou Rector.

Pais solteiros

Segundo os dados do Departamento de Censo dos Estados Unidos referentes a 2008, o índice de pobreza para os progenitores solteiros com filhos nos EUA era de 36,5% - um dado interessante, se comparado com os 6,4% dos casais casados com filhos. Assim, crescer em uma família casada reduz 80% da probabilidade de que uma criança viva na pobreza.

Rector admitiu que algumas destas diferenças consistem no fato de que os progenitores solteiros têm em geral uma preparação educativa inferior que os casais casados. Inclusive assim, quando os casais casados se comparam com os progenitores solteiros com o mesmo nível de educação, o índice de pobreza dos casados é ainda 75% inferior.

O estudo observou, além disso, que infelizmente o casamento está diminuindo com rapidez nos Estados Unidos. Durante a maior parte do século XX, quase todas as crianças nasciam de casais casados. Assim, quando o presidente Lyndon Johnson lançou a Guerra contra a Pobreza, em 1964, 93% das crianças nascidas nos EUA vinham de casais casados.

Nos anos seguintes, houve uma mudança espetacular na situação. Em 2007, somente 59% dos nascimentos da nação eram de casais casados.

Rector também comentou que não devemos pensar que este fenômeno se deve sobretudo a gravidezes e nascimentos adolescentes. De fato, em 2008, somente 7,7% dos nascimentos que aconteceram fora do casamento nos EUA eram de mulheres menos de 18 anos; 75% deles eram de mulheres adultas jovens entre 19 e 29 anos.

"O declínio do casamento e o crescimento dos nascimentos fora dele não são um assunto de adolescentes; são o resultado da ruptura de relações de homens e mulheres adultos jovens", afirmou Rector.

Em geral, as famílias monoparentais abrangem um terço de todas as famílias com filhos, mas 71% das famílias pobres com filhos são monoparentais. Em contraste, 74% de todas as famílias não pobres com filhos são de casais casados, observou o estudo.

A transformação massiva a famílias monoparentais também significou um grande custo para as finanças públicas. Segundo Rector, o governo federal leva adiante mais de 70 programas de bem-estar que proporcionam ajuda às pessoas com baixos recursos. No ano fiscal 2010, o governo federal e os governos estatais gastaram 400 bilhões de dólares em recursos para famílias com filhos e baixos recursos, afirmou. E cerca de 75% desta assistência, isto é, 300 bilhões de dólares, foram destinados a famílias monoparentais.

Diferenças

Dois fatores influenciam a probabilidade de que uma família seja monoparental: a etnia e a educação. O índice de nascimentos extraconjugais (o número total de nascimentos fora do casamento para as mães de um grupo dividido por todos os nascimentos do grupo durante o mesmo ano) para toda a população foi de 40,6% em 2008. No entanto, entre as mulheres brancas não hispanas foi somente de 28,6%; entre as hispanas, este número quase dobrou (52,5%); e entre negras, foi de 73,3%.

Outro fator é a educação. "Os EUA estão se dividindo em um sistema de duas castas, com o casamento e a educação como linha divisória", comentou Rector.

Em 2008, nasceu nos EUA, fora do casamento, 1,72 milhão de crianças. A maioria delas nasceu de mulheres adultas jovens com estudos do Ensino Médio ou inferiores. De fato, mais de 60% dos nascimentos de mulheres que haviam abandonado o Ensino Médio aconteceram fora do casamento. Em contraste, entre as mulheres com pelo menos um título universitário, somente 8% dos nascimentos aconteceram fora do casamento.

"Para combater a pobreza, é vital robustecer o casamento; e para robustecer o casamento, é vital que se dê à população de risco uma compreensão clara e efetiva das vantagens do casamento e dos custos e consequências da maternidade extramarital", concluiu Rector.

Outros países

Os EUA não são o único país que teve um grande aumento na maternidade extraconjugal. Segundo a agência de estatística europeia (Eurostat), o número de filhos nascidos fora do casamento nas 27 nações da União Europeia dobrou durante as últimas duas décadas, segundo informou o New York Times em 9 de setembro.

Em 2008, 35,1% dos nascimentos aconteceram fora do casamento. Há menos de 20 anos, em 1990, eram somente 17,4%. Segundo a Eurostat, todas as nações da União Europeia, exceto a Dinamarca, experimentaram um aumento.

No começo deste ano, um informe sobre o índice de casamentos na Inglaterra e País de Gales anunciou que se casaram menos pessoas desde que se começou a recolher informações, em 1862, segundo o jornal Independent, em sua edição de 11 de fevereiro.

Diminuíram tanto os casamentos no civil como os religiosos. Estes últimos somam apenas 30% de todos os casamentos.

Pela primeira vez, menos de uma de cada 50 mulheres solteiras se casou em 2008, observou o artigo. Houve 232.990 casamentos na Inglaterra e País de Gales - 35 mil a menos que na década anterior.

Mais ao Norte, na Escócia, a situação não é melhor, como informou um artigo de 12 de março. No ano passado, houve somente 27.524 casamentos - o número mais baixo desde 1893.

Um porta-voz da Igreja Católica na Escócia criticou o governo britânico por não dar mais incentivos econômicos aos casais para casar-se, de maneira que o casamento seja economicamente mais atraente.

"Infelizmente, este governo penalizou o casamento por meio de um sistema de impostos que contribuiu para a atual crise", declarou ao Scotsman.

À luz destas estatísticas, não foi uma surpresa ler uma reportagem publicada em 25 de junho no jornal Daily Mail, do Reino Unido, sobre o fato de que quase 1 de cada 3 filhos vive sem seu pai ou sua mãe.

Segundo uma análise dos dados do Departamento Nacional de Estatísticas, 3,8 milhões de filhos vivem sem um dos seus pais biológicos porque têm uma mãe solteira ou seu pai ou sua mãe abandonou o lar. Representam 30% de todas as crianças.

Há 2,7 milhões que vivem com a mãe solteira de 200 mil só com o pai. Outras 500 mil vivem em famílias de adoção em coabitação, e 400 mil em famílias de adoção casadas. Seu número subiu para 600 mil desde 1999.

Em seu discurso de boas-vindas, em 13 de setembro, ao novo embaixador da Alemanha, Bento XVI expressou sua preocupação pelo enfraquecimento do conceito cristão de casamento e de família. Uma característica central deste é que o casamento é uma união duradoura e permanente dos esposos.

Os modelos alternativos de casamento e de vida familiar levarão a uma confusão de valores na sociedade, advertiu o Papa.

É óbvio que este dano ao bem comum da sociedade traz consigo também o alto custo econômico para milhões de adultos e crianças.

Fonte: Zenit

Entrevista com monsenhor Tony Anatrella

 

ROMA, domingo, 10 de outubro de 2010 (ZENIT.org) - A teoria do gênero, dominante em muitas instâncias culturais e sociais no Ocidente, que afirma que a identidade sexual do indivíduo é uma construção social e não uma realidade natural, foi um dos temas centrais da 15ª Assembleia Geral do SCEAM (Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar) em Accra, Gana.

Sobre esta questão e sobre os ensinamentos a respeito da verdade sobre o ser humano contidos na encíclicaCaritas in Veritate, falou aos bispos do continente africano monsenhor Tony Anatrella.

Monsenhor Anatrella é psicanalista e especialista em psiquiatria social. Consultor do Conselho Pontifício para a Família e do Conselho Pontifício para a Pastoral no Campo da Saúde, é também membro da Comissão Internacional de Investigação sobre Medjugorje, da Congregação para a Doutrina da Fé, e leciona em Paris, no IPC e no Collège des Bernardins.

Ele foi convidado a dar uma palestra sobre o tema: "ACaritas in Veritate e a teoria do gênero" aos bispos africanos reunidos em Accra para a plenária do SCEAM, celebrada dia 26 de julho até 2 de agosto de 2010.

Sobre este tema Anatrella concedeu esta entrevista a ZENIT, que será publicada em partes.

ZENIT: A encíclica Caritas in Veritate aborda realmente os problemas levantados pela teoria do gênero?

Monsenhor Tony Anatrella: A questão antropológica é o fio condutor da reflexão da última encíclica do Papa. De fato, além do lado econômico da crise atual, esta é também uma crise moral e espiritual sobre o sentido do homem. ACaritas in veritate tem a intenção de abordar a concepção do homem que se construiu a partir das ciências humanas nos últimos cinquenta anos. O enfoque dessas, sob o disfarce de ciência, apresenta-se como uma ideologia que sugere que o homem é o resultado da cultura e que se constrói com independência da natureza humana e das leis universais inerentes a sua condição. A teoria do gênero é o sinal mais problemático das ideias atuais sobre o homem.

Nos países ocidentais, encontramo-nos precisamente nesta instabilidade antropológica e, por conseguinte, moral que desequilibra os vínculos sociais, já que ataca a estrutura na qual a sociedade se baseia. Isso ocorre por meio da desregulação financeira em nome do liberalismo e da economia de mercado, e da desregulação antropológica e moral, fazendo crer que as normas são criadas unicamente por consenso. Mas não é o debate democrático que dá valor a uma lei, mas aquilo em que ela se fundamenta. Assim acontece com as leis que são questionáveis desde uma perspectiva antropológica. Seu voto não lhes dá necessariamente um valor moral. É dever da Igreja dizer isso.

Assim, instalaram-se um relativismo e um negacionismo dos pontos de referência da antropologia. Como não ver que isso está criando uma nova forma de violência? Esta se expressa começando pelos mais jovens, que têm dificuldades de acesso às dimensões objetivas e simbólicas da relação com os demais e com a sociedade. Cada um se instala no desejo de inventar seus próprios códigos, com a vontade de se impor aos demais. Este é o drama e o sintoma de algumas de nossas cidades. Já que não estamos em busca de normas transcendentes, de princípios de humanidade, no sentido de que já não dependem do sujeito, mas da livre vontade da interpretação aleatória. Uma antropologia com um sentido de desenvolvimento humano, diz Bento XVI, inscreve-se na perspectiva do bem comum que da conta da dimensão política e da dimensão religiosa da existência.

ZENIT: Não se reprova a Igreja por intervir no campo político? A Igreja está verdadeiramente cumprindo sua função?

Monsenhor Tony Anatrela: A Igreja está em seu papel e deve intervir quando a dignidade humana está em jogo. Ao longo da história, os governos às vezes têm dificuldades para aceitar seus discursos e levá-los em conta. Muitos bispos e sacerdotes pagaram com o preço de suas vidas. Há uma incompreensão por parte da opinião pública e, muitas vezes, por parte dos responsáveis políticos, sobre o papel da Igreja, que não deve ser excluída do debate político quando recorda questões para despertar as consciências.

Cristo não fez outra coisa no Evangelho, mas manifestou a verdade de Deus e revelou a do homem. Para alguns a separação entre Igreja e Estado faria que a Igreja não tivesse direitos de intervir nas questões sociais políticas. Trata-se de um erro de perspectiva sobre o significado da laicidade. É o Estado que é laico e não a sociedade.

A Igreja não tem de se esconder na sacristia, como dando a entender a Cristo a ordem de que se cale. Tampouco há que se opor as normas da Igreja às do Estado. Ainda que a Igreja não tenha por objetivo regular a sociedade política, a Igreja pode falar, em nome de seu ensinamento social, que tem influenciado enormemente a cultura ocidental, sobre todos os temas sociais que afetam a existência humana.

A separação da Igreja e Estado é a separação do poder religioso e o poder político (no sentido de governo), e não fazer crer que haveria dois sistemas de pensamento opostos e contraditórios para pensar no bem comum. As normas políticas seriam assim estranhas não só às exigências antropológicas objetivas, mas também para as regras morais. A criação da lei civil, como a prática política, sempre revelam uma concepção do homem que é compatível ou incompatível com os princípios da razão. A lei civil não está acima das referências morais.

ZENIT: O discurso da Igreja não vai contra a razão humana?

Monsenhor Tony Anatrella: Com certeza não. Muitos discursos ideológicos e políticos tentam escapar da evidência da razão humana. Ainda que o cristianismo produza seu próprio raciocínio a partir do Evangelho, não está em contradição com a razão das coisas quando pensa nelas. A relação com Deus, como ensina Cristo, é uma questão de amor, amor à verdade. Amam a verdade? O Sumo Pontífice enfatizou isso em sua encíclica. A Igreja intervém precisamente em nome destes princípios da razão, confrontados pela realidade e iluminados pela revelação cristã.

O Papa Bento XVI destacou maravilhosamente em seu discurso noCollège des Bernardins durante sua viagem apostólica a Paris e Lourdes (12 de setembro de 2008). A fé cristã se apoia na razão para discernir o significado da Palavra de Deus e tirar todas suas consequências. Não é unicamente uma questão religiosa, mas de saber a partir de quais realidades o homem se desenvolve na verdade e justiça. A Igreja pode ser entendida igualmente bem pelos crentes e pelos não crentes. Caritas in veritate é assim quando apela ao sentido de um desenvolvimento integral que não reduz o homem a um objeto econômico, quando apela ao respeito da dignidade humana, à igualdade das pessoas, que não se confunde com o igualitarismo das situações e comportamentos, ao sentido do matrimônio e da família baseados unicamente na relação estável entre um homem e uma mulher, a uma prevenção contra a AIDS que não se limita às medidas sanitárias, ou também que a anti-concepção e o aborto são "avanços" sociais que afetam a vida humana e causam sérios e graves problemas psicológicos, sociais, ecológicos, demográficos e morais, e, finalmente, que a eutanásia nunca é um ato de amor. O amor nunca inspira a morte.

Poderíamos destrinchar também outras situações nas quais a Igreja tenta fazer entender onde há uma tendência a minimizar ou ignorar seu discurso quando não é conveniente ao conformismo dos clichês sociais e dos meios de comunicação. Pelo contrário, o discurso da Igreja se faz credível se justificar as posturas particulares e se for na direção de certos movimentos de opinião. Do contrário, é declarado ilegítimo pelo primeiro escritor ou crítico profissional que se posiciona no magistério contra a Igreja e quer dar aulas ao Papa e aos bispos. Na realidade, tanto uns como outros aproveitam para instrumentalizar seu discurso no lugar de compreendê-lo de forma autêntica.

Em última instância, o que o Papa disse em sua encíclica e que os políticos deveriam ler: as decisões políticas são tomadas frequentemente condicionadas pela sociedade de consumo que impõe suas normas econômicas (com o símbolo moral dos franceses baseado unicamente no poder das aquisições que se realizaram durante um determinado período). A sociedade chamada liberal, de fato, a mais alienante das subjetividades, leva os políticos a se deixarem guiar por uma visão pragmática, a governar a partir dos pontos cegos da sociedade com leis de circunstâncias e sem ter princípios antropológicos precisos. As leis democráticas provêm de leis prescritas pelos meios de comunicação às quais se submetem às vezes aos governantes.

Os meios de comunicação e as pesquisas, com a força das imagens e discursos, se impõem a todos com o imediatismo dos tempos da internet, em detrimento do sentido da história e o tempo de amadurecimento das opções políticas. A história, que é ensinada cada vez menos na escola, dá aos jovens o sentimento de que o tempo não conta, somente domina o instante e o exotismo do que está ocorrendo nos outros lugares. Como refletir e governar seriamente em uma atmosfera de provocação e de "excitação midiática", com os olhos fixos no acontecimento presente e sem nenhum tipo de distância? A Igreja apela para a razão, a dignidade das pessoas e situações, e se inscreve em uma história.

Para alguns, a Igreja será generosa com os estrangeiros e rígida em assuntos morais (sobretudo quando se fala de preservativos, de homossexualidade, de divórcio, de aborto, de eutanásia). A Igreja não é rídiga, mas é livre, lúcida e aberta à vida, como exige Cristo, já que é sempre no nome do mesmo princípio que ela intervém e estrutura sua relação com o mundo: o respeito da dignidade humana, o respeito da expressão sexual como uma forma de relação amorosa comprometida entre um homem e uma mulher, e o respeito da vida a partir de seu início até seu fim. Todas estas coisas estão sendo questionadas, também pela teoria do gênero, já que cada um é seu próprio criador e destruidor, e por que não, o destruidor e exterminador de vidas que não são úteis! Uma ideologia tecnocrática e idealista e ao mesmo tempo tão danificadora como suas precedentes!

(Anita S. Bourdin)

Fonte: Zenit

Segunda, 11 Outubro 2010 10:20

28º Domingo do Tempo Comum - Reflexão

Cidade do Vaticano, 10 outubro - A primeira leitura nos apresenta Naamã, importante militar sírio, padecendo de lepra, chegando a Israel, por conselho de sua escrava judia, e procurando o profeta Eliseu para que este o curasse.
Este ao invés de receber o sírio em sua casa – como Naamã esperava - antecipa-se mandando um mensageiro que o despacha recomendando-lhe banhar-se no Jordão.
Naamã fica muito decepcionado, pois esperava um ritual de cura.
O homem resolve voltar para sua terra, pois lhe sobrevem o pensamento de que em sua pátria existem rios tão bons ou até melhores que o Jordão.
Nesse momento outros servos seus sugerem ao militar banhar-se no Jordão, já que não custa tentar. Naamã, como sempre, segue o conselho de seus empregados e vai banhar-se e sete vezes, como Eliseu lhe havia indicado. Ao sair do Jordão o sírio estava curado.

Naamã vai a Eliseu para agradecer-lhe a cura e leva para ele um um presente. Eliseu o recebe com seus agradecimentos, mas não o presente. Com o gesto de recusa Eliseu quer indicar ao sírio que a cura foi realizada por Javé, e não por ele. Então Naamã demonstra que entendeu e professa: “ Reconheço que não há outro Deus em toda terra senão o de Israel”.
Naamã ficou curado do corpo e do espírito!

No Evangelho dez leprosos se aproximam de Jesus e lhe pedem a cura. O leproso na Bíblia era visto naquele tempo como pecador, maldito. Ora, o número dez tem em Israel a simbologia do todo. Logo, Lucas quer nos dizer que o Povo de Israel ou toda a Humanidade se apresenta ao Senhor pedindo a cura, pois são portadores de pecado, da miséria humana.
Ao mesmo tempo, sabemos pela leitura que no grupo estão judeus e samaritanos. Ora, eles são inimigos, mas a doença une, acaba com os preconceitos, iguala a todos. Do mesmo, modo eles, juntos, vão buscar a salvação, a cura. Vivem a solidariedade!
Lucas também nos ensina, ao escrever que Jesus e o grupo de leprosos se encontram no caminho para Jerusalém, que a cura espiritual, a maturidade, o crescimento se dá aos poucos, na caminhada da vida, pela escuta da Pavra de Jesus.

Jesus, no Evangelho, repara que apenas o samaritano, o formalmente afastado do povo, dá, imediatamente, glória a Deus. Os demais vão fazer o mesmo, mas primeiro vão cumprir as formalidades rituais. Só o samaritano entendeu que dando glória ao Pai, diante de Jesus, que havia operado seu retorno à vida, já estava fazendo o ato de reintegração, que os demais ritos estavam superados. Os demais perderam tempo. Foram glorificar Deus perante os Seus representantes oficiais, enquanto o samaritano o fêz diretamente ao Filho de Deus.
O samaritano foi depois testemunhar aos sacerdotes que chegaram os tempos novos, que a salvação de Deus é para todos, que não existe mais doentes e sadios.
Por fim, a segunda leitura confirma a fidelidade de Deus, mesmo que sejamos pecadores, porque Ele é o Deus fiel, o nosso Pai, o Amor.
Confiemos em Deus, em seu amor de Pai, mesmo que nos sintamos grandes pecadores. Ele nos ama não porque somos bons, mas porque Ele é bom, porque é Amor.
Ao mesmo tempo tenhamos consciência de que a vida comunitária, o sentimento de fraternidade deve ser forte em nossa vida.
Por outro lado, se é difícil, se é lenta a nossa conversão para o Pai, se são morosos nossos gestos concretos de fratenidade, peçamos Sua Graça e acreditemos que na caminhada para Ele, para o Bem, estamos sendo curados. Quando chegarmos à Jerusalém celeste iremos nos apresentar com a veste nupcial por Ele nos dada em nosso batismo, realidade vivida em nosso dia a dia, quando ouvíamos a Sua Palavra.
“Transbordo de alegria em Javé, a minha alma se regosija em meu Deus, porque Ele me vestiu com com vestes da salvação, cobriu-me com um manto de justiça”. Is 61, 10 .

Fonte: Radio Vaticana

Segunda, 11 Outubro 2010 10:14

Mês do Rosário

Rio de Janeiro, 10 outubro - Este mês das missões é também denominado o mês do Rosário. É um ato de piedade importante dentro da tradição da Igreja e que, assim como começou sua difusão, também hoje necessitamos de rezar para vencer os combates de cada dia.
A devoção à Virgem do Rosário remonta ao século XIII, aproximadamente. Foi muito difundida pelos padres dominicanos. A palavra vem do costume da idade Média da oferta de coroas de flores às autoridades. Os cristãos adotaram esse costume oferecendo a Maria a tríplice coroa de rosas, hoje acrescentada de mais uma.
É uma devoção de cunho eminentemente popular já que a recitação do rosário é, na verdade, uma catequese, chamada de evangelho dos pobres, pois contemplam-se os principais mistérios da fé que estão nas escrituras e, normalmente, as pessoas sabem de cor já que no passado o analfabetismo impunha restrições aos textos escritos.
Em 1571, no levante naval de Lepanto, a vitória das frotas cristãs contra os turcos foi atribuída a Nossa Senhora do Rosário. Como resultado, o Papa Pio V estabeleceu liturgicamente a festa de Nossa Senhora da Vitória, que depois foi mudada pelo Papa Gregório XIII em 1573 para festa da Virgem do Rosário, inicialmente no primeiro domingo de outubro, que depois de 1913, foi transferida para o dia 7.
O seu culto foi ainda mais difundido após as aparições de Lourdes, onde a Virgem recomendava a Bernadete a prática da oração, através da recitação do rosário.
A comemoração deste mês temático é um convite para que todos possam refletir sobre os mistérios de Cristo, acompanhado da Virgem Maria, que foi associada de forma especial à Sua encarnação, paixão e glória da ressurreição. Durante muito tempo foi essa oração simples e profunda que sustentou a vida de fé de nosso povo. Hoje a grande difusão do “terço dos homens” renova e inova essa prática antiga e alimenta a oração contemplativa e a vida de nosso povo.
O rosário também tem sua origem na oração judaica, onde se rezava recitando cotidianamente os salmos de uma forma cadenciada. Esta maneira de rezar foi passada às primeiras comunidades cristãs nascentes. No início eram rezados os 150 salmos diariamente, prática que se estendeu por uma semana e hoje está estendida por um mês. Quando se iniciaram as ordens missionárias, a oração monástica dos 150 salmos foi substituída pela oração do rosário, pois transportar os grandes livros dos salmos tornava impossível a locomoção para as missões. Mais tarde se introduziu o “breviário” para facilitar os que tinham que locomover muito.
Temos também notícias que já no século IX de que na Irlanda havia o hábito de amarrar nós a uma corda para contar, em vez de salmos, as Aves Maria. Essa prática devocional a Nossa Senhora foi depois espalhada pela Europa, e com grande crescimento ao longo dos anos seguintes.
O Santo Padre Leão XIII escreveu documentos riquíssimos sobre o Rosário, dentre eles a sua Encíclica Supremi officio, de 01 de setembro de 1883. Na ladainha dos Santos incluiu a menção a Nossa Senhora do Rosário. Ele recebeu o título de Papa do Rosário.
João Paulo II, por sua vez, publica em 16 de outubro de 2002, a Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae. Nela o Papa acrescenta os Mistérios da Luz.
Após o dia 11 de setembro, na abertura do Sínodo dos Bispos daquele ano de 2001, o Papa afirma categoricamente: “Eu desejo confiar à grande causa da Paz à oração do Rosário. É cada vez mais necessário recorrermos ao poder da oração.
Nesta perspectiva, o Rosário torna-se fundamental. Ele constrói a paz, porque apela para a graça de Deus, semeia o bem, a partir do qual podemos esperar o fruto da justiça e da solidariedade para a comunidade e para a vida pessoal.”
O rosário é antes de tudo uma oração contemplativa, um caminho de contemplação. Ele nos educa à contemplação dos mistérios de Cristo, sendo uma verdadeira pedagogia para a santificação da vida.
O Papa Paulo VI, em sua Exortação Apostólica sobre Maria (Marialis cultus), recorda a importância da contemplação dos mistérios durante a oração do rosário (n. 47). Neste sentido Paulo VI e a Igreja, querem afirmar o sentido autêntico, genuíno desta oração mariana, que nunca deixa de ser um meditar sobre os mistérios da vida do Senhor, visto através dos olhos de Maria, que estava mais perto Dele. Assim, as riquezas insondáveis desta meditação são reveladas.
A afirmação do rosário como oração contemplativa conseguiu até mesmo entrar para a linguagem popular: “hoje vamos contemplar...”.
A nossa vida cristã, assim, torna-se mais orante, mais contemplativa, mais mistérica. Assimila-se no interior de nossos corações toda a vida de Cristo. Entra-se na comunhão do Pai, por Cristo, no Espírito. Ajuda-nos a aprofundar a nossa relação com Deus e nossos sentimentos de amor a Cristo e a Maria.
O rosário é uma escola de fé, uma comunhão de vida com Cristo, o Senhor na vida do cristão, que deve, sem dúvida, impulsionar o devoto à missão apostólica em favor da Igreja de Cristo. É a missionariedade que nasce do Rosário.
A contemplação do rosário leva-nos a entrar no grande mistério da vinda de Jesus, que é um olhar, por certo, divino sobre o mundo e sua realidade. Com a contemplação somos chamados a descer a montanha da transfiguração, tal como Jesus o fez com os apóstolos, e olharmos o mundo com os mesmos sentimentos de Cristo. Olharmos o homem e a realidade que o cerca, e o que esta em acordo ou em desacordo com a vontade do Senhor. Estar com Deus significa estar com o homem.
O rosário nos traz o olhar de Mãe, que só quer o bem de seus filhos, o seu crescimento, o seu desenvolvimento interior e também de sua realização pessoal. Por isso, o rosário deve ser meditado na intenção especial da Igreja de hoje, do mundo e também da realidade social, política e econômica que nos envolve. É assim, poderíamos afirmar a dimensão cósmica da recitação do rosário.
E lembrando-nos do Filho não temos como não lembrar a Mãe. O rosário está repleto de alusões à Virgem Maria. Indica-nos uma Maria contemplativa conosco, que tudo guardava e meditava em seu coração (Lc 2, 19.51). Ela é uma mulher da meditação, com uma qualidade de vida contemplativa. Ela é uma mulher de oração e com a Igreja, como a vemos no cenáculo com os Apóstolos. Uma verdadeira oração eclesial cuja dimensão devemos nos ater.
Peçamos, pois, a Nossa Senhora do Rosário que possa nos ajudar em nossa caminhada de Igreja. Que esta, contemplando sempre os mistérios do Senhor, possa ser instrumento de Sua graça sobre todos os homens e mulheres de nossa querida Arquidiocese do Rio de Janeiro.

† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ.

Fonte: Rádio Vaticana

Queridos irmãos e irmãs,

bentoxviNos primeiros anos do século XIV, falecia no mosteiro de Helfta Santa Gertrudes, uma das místicas mais famosas e a única mulher da Alemanha a receber o cognome de "Grande"; com 5 anos de idade, entrara como aluna no mosteiro; e de aluna passou a monja. Mas, só aos 25 anos, teve lugar a sua «conversão»: nos estudos, com a passagem radical dos estudos humanistas profanos aos teológicos; e, na observância monástica, com a passagem de uma vida negligente a uma vida de oração intensa, mística, animada de grande ardor missionário. Então Gertrudes tivera a visão de um jovem que a guiava para fora da confusão que lhe oprimia a alma, tomando-a pela mão. Naquela mão, ela reconhece a marca daquelas preciosas chagas que aboliram todos os nossos pecados; reconhece Jesus, Aquele que na Cruz nos salvou com o seu sangue.

Amados peregrinos de língua portuguesa, a minha cordial saudação para todos, em particular para os grupos do Brasil e de Portugal, da paróquia dos Milagres na Bidoeira. Este mês do Rosário incita-nos a perseverar na reza diária do terço; que, desta forma, as vossas famílias se reúnam com a Virgem Mãe, para aprender a cooperar plenamente com os desígnios de salvação que Deus tem sobre vós. Como encorajamento e penhor de graças, de coração vos dou a minha Bênção Apostólica.

Fonte: www.vatican.va

Dom Mamberti intervém na 65ª sessão da Assembleia Geral

 

NOVA YORK, terça-feira, 5 de outubro de 2010 – A Santa Sé considera que “o diálogo entre os representantes das nações, que se renova a cada ano em todas as sessões da Assembleia Geral e que permanece aberto e vivo nos demais órgãos e nas agências da ‘família da ONU’, foi o instrumento fundamental” para cumprir seu objetivo.

Foi o que afirmou o secretário para as Relações da Santa Sé com os Estados, Dom Dominique Mamberti, ao intervir na quarta-feira passada, na 65ª sessão da assembleia geral da ONU em Nova York.

Para ser “sincero e plenamente eficaz”, o diálogo entre as nações deve ser realmente “dia-logos”, ou seja, “troca de sabedoria e sabedoria partilhada”.

O representante da Santa Sé indicou que “dialogar não significa apenas escutar as aspirações e interesses das demais partes e tentar encontrar compromissos”, mas se deve passar “da troca de palavras e da busca do equilíbrio entre interesses opostos a um verdadeiro partilhar a sabedoria pelo bem comum”.

O arcebispo reconheceu no entanto que, na ONU, muitas vezes, este diálogo tem sido acima de tudo um “confronto entre ideologias opostas e posturas irreconciliáveis”.

Nos seus 65 anos de vida, a ONU, “apesar das imperfeições de suas estruturas e de seu funcionamento, tem tentado contribuir com soluções para os problemas internacionais de caráter econômico, social, cultural e humanitário”, disse o prelado.

Na perspectiva do diálogo internacional fecundo alcançado nos debates gerais anuais da assembleia geral, Dom Mamberti destacou diversos sinais de progresso na elaboração normativa do desarme e da proliferação de armas.

“Há que fazer todo o possível para chegar a um mundo liberto das armas nucleares – disse –. É um objetivo a que não se pode renunciar, ainda que seja complexo e difícil de alcançar, e a Santa Sé apoia todo esforço neste sentido”.

O arcebispo reconheceu que “não faltam motivos de preocupação por todos os desafios referentes à segurança global e à paz”.

Entre eles, referiu-se aos gastos militares mundiais, que “continuam sendo excessivamente onerosos e inclusive aumentam”.

Também falou do “problema do exercício do direito legítimo dos Estados a um desenvolvimento pacífico da energia nuclear, compatível com um controle internacional efetivo da não-proliferação”.

Fonte: Zenit

Concedido a Robert Edwards pelo desenvolvimento da fecundação “in vitro”

 

BARCELONA, terça-feira, 5 de outubro de 2010 - A Federação Internacional de Associações de Médicos Católicos (FIAMC) manifestou consternação pelo anúncio de que o biólogo de Cambridge, Robert Edwards, foi honrado com o Prêmio Nobel de Medicina pelo seu trabalho no desenvolvimento da fecundação humana in vitro (FIV).

Em um comunicado recebido pela redação de ZENIT, a FIAMC lamentou o "enorme custo" deste processo utilizado para conceber "o enfraquecimento da dignidade da pessoa humana".

"Milhões de embriões foram criados e descartados durante o processo da FIV", recordaram os médicos católicos.

"Não se trata somente desses seres humanos utilizados como coelhinhos da Índia destinados à destruição, especialmente nas etapas iniciais, mas também que este uso levou a uma cultura na qual são vistos como produtos de consumo, ao invés de indivíduos humanos", acrescentaram.

"Apesar de que a FIV tenha levado alegria a muitos casais que conceberam por meio deste processo, isso teve um custo enorme", indicou a FIAMC.

"Como católicos - indica o comunicado -, acreditamos na dignidade absoluta da pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus."

"Esta dignidade existe desde o primeiro momento da concepção do novo ser humano e permanece com ele até sua morte natural", recordou.

"Como médicos católicos, percebemos o sofrimento ao qual a infertilidade leva um casal - indica o texto. Mas, ao mesmo tempo, acreditamos que a pesquisa e os métodos de tratamento necessários para resolver os problemas de infertilidade têm de ser aplicados em um marco ético que respeite a dignidade especial do embrião humano, que não é diferente da de um adulto maduro com uma mente brilhante."

Para a FIAMC, "a história da nossa salvação por Jesus Cristo nos mostra que a humanidade sofre quando esquece ou omite o fato de que Deus é nosso criador e nós somos suas criaturas".

O comunicado conclui recordando que "só podemos ser plenamente humanos quando vivemos de acordo com a vontade de Deus, respeitando a dignidade especial concedida a todos os seres humanos".

Após o anúncio da concessão do Prêmio Nobel de Medicina a Edwards, o presidente da Academia Pontifícia para a Vida, Dom Ignacio Carrasco de Paula, também constatou as perplexidades que esta decisão suscitou, em uma declaração.

Segundo o prelado, "Edwards inaugurou uma casa, mas abriu a porta errada, pois apostou tudo na fecundação in vitro e permitiu implicitamente o recurso a doações e compra-vendas que envolvem seres humanos".

Fonte: Zenit

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