As chamadas pílulas anticoncepcionais, atualmente, contraceptivos hormonais, têm várias apresentações – comprimidos orais, injetáveis, adesivos cutâneos, dispositivos vaginais e implantes subcutâneos. Foram criadas nos anos 60, e eram compostas por uma combinação de estrogênios e progestagênios em altas doses, que ao agirem sobre a hipófise, inibiam a ovulação, portanto, eram contraceptivas. Essas descobertas coincidiram com a revolução sexual.
Essa formulação dos medicamentos causou vários efeitos colaterais graves, dentre eles tromboses, infartos, AVCs, os quais chegaram a levar a óbito algumas mulheres. Como consequência, houve várias pesquisas para se reduzirem as doses dos hormônios, e assim, ser reduzida a incidência dos efeitos colaterais, e sua gravidade. Houve redução progressiva, até que chegaram às doses atuais, que são incapazes de causar um bloqueio efetivo do eixo hipotálamo-hipófise-ovário (eixo hormonal), permitindo que as mulheres que usam contraceptivos hormonais, apresentem ovulações periódicas.
Além da ação sobre a ovulação, os medicamentos também atuam na movimentação das trompas, dificultando o percurso do óvulo para a cavidade uterina; alteram o muco do colo uterino para que dificulte a ascensão dos espermatozóides; e levam a uma atrofia importante do endométrio, acompanhada de um processo inflamatório. Essas modificações não impedem a fecundação em mais da metade dos ciclos, e quando essa acontece, frequentemente o ovo fecundado, é impedido de se implantar na parede uterina, ocorrendo a sua “eliminação”, junto com o sangramento menstrual, sem haver atraso da menstruação. Esse fato é denominado ABORTO OVULAR – há fecundação, mas não há implantação no endométrio, seguida de perda.
Como podemos perceber, a famosa pílula anticoncepcional impede que ‘o fruto do amor’ nasça, muitas das vezes,provocando um aborto imperceptível. Será que podemos concordar com seu uso?
OBS: a fecundação acontece na trompa e após sete dias, aproximadamente, o ovo fecundado chega à cavidade uterina, já composto por um aglomerado de células dispostos superficialmente e com uma cavidade central, denominado blastocisto, para se fixar ao endométrio e iniciar a formação da circulação materno-fetal, que irá nutrir o embrião em seu desenvolvimento.
SÚMULA DA IMPLANTAÇÃO
- MOORE, Keith L. e PERSAUD, T. V. N. Embriologia Clínica. 7ª edição. Rio de Janeiro : Elsevier, 2004. 609 páginas.
- SAAD, Mário J. A., MACIEL, Rui M. B. e MENDONÇA, Berenice B. Endocrinologia. São Paulo : Atheneu, 2007. 1251 páginas.
- Hormonal contraception and risk of venous thromboembolism: national follow-up study.
- Benefits and risks of hormonal contraception for women.
- Quais são os efeitos dos anticoncepcionais orais? – WWW.providafamilia.org
- www.coladaweb.com
* Fabíola Barbosa Dias Borges, médica ginecologista.
Retirado de: http://blog.cancaonova.com/familiasnovas