O Conselho Pontifício para os Leigos quer repropor o estudo da carta apostólica Mulieris dignitatem, do beato João Paulo II, no ano do vigésimo quinto aniversário da publicação. Desta vez, o foco da reflexão é a significativa frase que dá título ao seminário: “Deus confia o ser humano à mulher”.
Nesta frase, explica o dicastério, "poderíamos dizer que o papa recopila as intuições da reflexão que ele propôs 'em forma de meditação' ao longo do documento, e esclarece pontos sobre a específica dignidade e vocação da mulher".
O seminário analisará as mudanças históricas na imagem da mulher, indagará se essas mudanças significaram uma renúncia das mulheres ao seu papel e avaliará as múltiplas faces da crise cultural de hoje. Refletirá ainda sobre o papel da mulher na construção da civilização do amor, tentará colocar alguns princípios teóricos necessários para a salvaguarda do humanum e apresentará propostas para uma nova civilização do amor.
O intercâmbio de ideias e o debate também terão espaço no seminário. Espera-se, assim, que o encontro amplifique o convite do papa Francisco, feito na missa de início do pontificado a todos os homens e mulheres de boa vontade: ser “guardiães da criação, do plano de Deus inscrito na natureza, guardiães do outro, do meio ambiente”, sem permitir “que os sinais de destruição e de morte acompanhem o caminho deste nosso mundo”.
Para o aprofundamento na carta apostólica de João Paulo II, um comunicado publicado pelo dicastério explica que “a partir de uma breve referência às mudanças na vida da mulher durante os anos precedentes, o papa chama a nossa atenção para aquilo que, no meio de tantas mudanças, permanece firme porque é fundado em Cristo, o mesmo ontem, hoje e pelos séculos”.
Prosseguindo, o papa polonês apresenta o conceito da “ordem do amor”, que o ajuda a definir o que é específico da feminilidade. A mulher tem, em palavras de João Paulo II, "uma espécie de 'profetismo' particular na sua feminilidade (MD, 29), porque, de modo particular, é ela que recebe amor para poder amar, e não apenas na relação específica do casamento, mas como a sua característica mais universal, que, por isso, pode ajudar a compreender a especificidade feminina".
A partir do papel específico da mulher na “ordem do amor” e de uma reflexão sobre o paradigma bíblico da mulher, João Paulo II propõe neste documento uma importante conclusão: “A força moral da mulher, a sua força espiritual, se une à consciência de que Deus lhe confia de modo especial o homem, o ser humano. Naturalmente, cada homem é confiado por Deus a todos e a cada um. Esta entrega, porém, refere-se especialmente à mulher, especialmente em razão da sua feminidade, e isso decide principalmente a sua vocação” (MD, 30).
Esta frase será o ponto de partida para o estudo proposto pelo Conselho Pontifício para os Leigos aos participantes no próximo seminário de estudos. Com o passar dos anos, diz o comunicado, “parece crescer cada vez mais entre os nossos contemporâneos o que o papa Bento XVI chamava de ‘estranho ódio de si mesmos’, que se traduz em múltiplas expressões de mal-estar, como a crise de identidade masculina e feminina, a crescente influência da ideologia de gêneros, a difusão da cultura da morte (aborto, mentalidade contraceptiva, eutanásia), a deterioração das relações humanas provocada pela ‘revolução sexual’, a emergência educativa, a lei que se torna aliada do subjetivismo ético, para mencionar somente algumas”.
Fonte: Zenit