No próximo mês de outubro se realizará no Vaticano a Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, convocada para discutir o tema “Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização”. Efetivamente, hoje, a Igreja é chamada a anunciar o Evangelho, enfrentando também as novas urgências pastorais que dizem respeito à família. Nos dias passados, o Papa Francisco escreveu uma Carta às famílias de todo o mundo pedindo para que elas rezem pelos trabalhos sinodais.
Mas quais são esses desafios que tanto incidem sobre a “célula da sociedade e da Igreja”? Basta olhar ao nosso redor e ver que a família, seja ela cristã ou de outra religião, enfrenta no seu cotidiano situações que são verdadeiros desafios para a sua integridade. Desafios principalmente neste nosso tempo em que vivemos uma rápida mudança social nos costumes, nos hábitos, condicionados muitas vezes pelos meios de comunicação que, ao invés de ajudarem a pessoa a crescer, tendem a tornar tudo banal, permissível e possível, distante de uma “vida familiar sadia”.
Seja bem-vindo o desenvolvimento dos instrumentos de comunicação, das redes, do mundo da internet; o que devemos nos interrogar é a utilização que se faz deles, dos conteúdos propostos, das “novas verdades” que corrompem éticas de comportamento e de vida. Parece que a ética e a moral cristã, verdadeiro valores, são apresentados como coisa de velhos, do passado, agora a novidade é a liberdade, “fazer o que dá na telha”.
E nessa busca de novos comportamentos, novas liberdades, a família é atingida em cheio. Novos paradigmas chegam a banalizar a real dimensão de uma família, fazendo com que tudo se torne normal, tudo tenha explicação na evolução da sociedade. Pensar no amor entre um homem e uma mulher por toda a vida “é careta”, coisa do passado. O matrimônio dura – dizem – enquanto dura o amor. Mas será que o amor tem prazo de validade?
Certamente são muitas as famílias que ao longo do percurso, por razões diversas, tiveram que tomar decisões difíceis e até mesmo escolher estradas diferentes: o fim de um relacionamento é sempre um trauma, causa sempre dor. Sem esquecer dos filhos que, muitas vezes, são os que mais pagam pelas escolhas dos pais.
Sem dúvida, o primeiro desafio para uma família surge dentro de casa, quando os equilíbrios se rompem e os relacionamentos se deterioram. Um provérbio chinês afirma: “Antes de começar o trabalho de mudar o mundo, dê três voltas dentro de sua casa”. Não importa o que você diga a seus filhos para fazerem. Eles naturalmente seguirão aquilo que o veem fazendo. Sim, o exemplo arrebata, provoca, atrai. Se o exemplo permanece, as palavras voam com o vento!
O Papa Francisco não cansa de repetir a receita para uma boa convivência dentro de casa: com licença, obrigado, desculpa. Três palavras-chave! Peçamos licença para não sermos invasivos em família. Digamos obrigado, obrigado pelo amor! E a última: desculpa. Todos erramos, – disse o Papa - e às vezes alguém fica ofendido na família e no casal, e algumas vezes voam os pratos, dizem-se palavras duras… E o conselho de Francisco: “Não acabem o dia sem fazer a pazes. A paz faz-se de novo cada dia em família!”
O maior investimento a ser feito na família é o amor. Nada é mais poderoso e reparador do que amar e expressar esse amor.
Os desafios são tantos e a receita para superá-los é tão simples. Junto a esta receita, a oração, tesouro precioso para a vida familiar. Sim, pois a família tem a grandeza da realidade humana, tão simples e ao mesmo tempo tão rica, feita de alegrias e esperanças, de fadigas e sofrimentos, como o é toda a vida.
O Papa pede a nossa oração pelos trabalhos do próximo Sínodo, pede orações para e pelas famílias do mundo inteiro. Vamos nos unir nesta corrente espiritual, para que o Espírito Santo ilumine os Padres Sinodais e os guie na sua exigente tarefa: e que a Igreja realize um verdadeiro caminho de discernimento e adote os meios pastorais adequados para ajudar as famílias a enfrentar os desafios atuais com a luz e a força que provêm do Evangelho. (Silvonei José)
Fonte: Rádio Vaticano